Meia
Maratona de Lisboa – No Tomorrow Running Team powered by Adidas Boost
Ontem
realizou-se a maior prova do atletismo nacional, a Meia Maratona de Lisboa este
ano com mais de 40.000 participantes. Lá no meio, se procurassem bem e como é
habitual, lá estavam os No Tomorrow.
Não éramos muitos que a prova é longe, mas contávamos, para além de mim, o Pedro
Silva Pereira, o Ricardo Rocha e o Luís Azevedo que, não estando inscrito pela
equipa, já faz parte da família.
Na
véspera da prova eu e o Pedro recebemos dois pares de Adidas Boost gentilmente
cedidos para teste e, apesar de sabermos ser pouco aconselhável, quebramos a
regra de ouro de que nunca se deve estrear sapatilhas no dia da prova e
decidimos arriscar…
Isto
porque num primeiro contacto, a sensação que se fica é de estarmos a calçar
umas sapatilhas extremamente leves, quase umas pantufas que se colam e adaptam
perfeitamente ao pé com uma total sensação de conforto.
Faltava
só vê-los em acção e confirmar o sistema de amortecimento que, por experiências
anteriores, é a parte fraca nas sapatilhas mais confortáveis.
E lá
fomos nós para Lisboa, percurso reconhecidamente rápido, com a esperança de
bater a barreira da 1:30 h que nos tinha acompanhado durante todo o ano
anterior, no meu caso por uns míseros 13 segundos.
Na
véspera mais uma vez mais não seguimos os conselhos sábios de descanso e em vez
disso andamos a fazer turismo com passeios a pé à beira rio, tirar fotos com as
vedetas convidas da Expo Maratona e a comer pastéis de Belém… Resultado pernas
cansadas no final do dia e, no meu caso um agravamento da constipação que tinha
desde o dia anterior.
Lá
estávamos à hora marcada em cima da ponte, com muitos Adidas Boost na linha da
frente certamente na tentativa de chegarem ao tempo fixado pela marca para se
obter o reembolso do preço pago.
Conseguimos
ficar quase na linha da frente e, depois de se esperar pacientemente pelo tiro
de partida, arrancamos bem na cabeça do longo pelotão quase sem perda de tempo.
O companheiro Pedro Silva Pereira saiu
disparado, como é aliás habitual, e rapidamente deixei de o ver.
Na
minha estratégia de corrida, como é habitual quando existem pace-makers, procurei-me colocar rapidamente à frente do
balão da 1:30 h para garantir uma margem de conforto nos primeiros 5 km quase
sempre a descer.
No
final da descida tudo conforme o previsto já com o balão claramente para trás e
com um tempo bem abaixo do ritmo necessário para a 1.30 h.
Rumo
ao primeiro retorno no Terreiro do Paço sempre em ritmo certo e sem qualquer problema
físico, cruzo-me pela primeira vez com o Pedro que já levava uma vantagem
considerável e seguia naquele passo leve de queniano branco que parece não ter
qualquer dificuldade em comer quilómetros.
Dei
a curva e verifiquei que apesar de mais lento cruzei com o balão da 1:30 h com
uma vantagem considerável, consciente que as condições tinham piorado
substancialmente com o calor a subir e o vento forte de frente a dificultar a
progressão (eu sei que era o mesmo que minutos antes nos empurrava mas nessa
altura não se nota).
Dos
10 aos 18 km, onde se situava o segundo retorno em Belém rumo à meta, o meu
ritmo foi gradualmente diminuindo e a força escasseando. Recordo claramente ter
pensado várias vezes que nunca mais via o Pedro a vir em sentido oposto – significando
que ainda faltava muito para entrar no 3 km finais - e começar-me a convencer
que ainda não era desta que caía a 1:30 h.
Fiz
nesta altura um esforço muito grande para manter um ritmo aceitável e não olhar
para trás para ver onde vinha o balão que temia estar cada vez mais próximo à
medida que ia sendo ultrapassado por numerosos atletas.
Passo
finalmente pelo Pedro que continuava aparentemente muito bem e com grande
avanço. Trocamos uma saudação e percebi que da parte dele o objectivo estava
alcançado. Agora faltava eu…
Provavelmente
o momento mais difícil da prova é quando, logo a seguir ao retorno, apercebo-me
que o balão da 1:30 h vem quase colado a mim. Confirmei as minhas piores
expectativas, ia mais lento estava cansado e ainda faltavam 3 km.
Foi
nesse momento que tomei a decisão mais acertada de toda a corrida ao concluir
que tinha de acelerar até onde desse nos 3 km que faltavam, aproveitando o
vento que voltava a soprar a favor. A dada altura começo a ouvir um atleta
espanhol que, certamente à procura do mesmo objectivo, incentivava
insistentemente um seu companheiro a não abrandar que já faltava pouco.
A
forma entusiástica como o fazia, a garra que demonstrava, serviram-me de
estímulo e decidi tentar acompanhá-los, falhando propositadamente os
abastecimentos finais.
Olhava
para o relógio e nunca o tempo passou tão depressa … só ao entrar na curta recta da meta tive a
certeza que iria conseguir o objectivo – sofrido mas, talvez por isso, mais
saboroso. Ainda acelerei no final para tentar fazer um tempo oficial inferior à
meta estabelecida que, vi hoje, que falhei por 2 segundos.
1:29:39
é o novo tempo a bater porque os que cá andam sabem que é mesmo assim: procurar ir sempre um pouco mais rápido ou
mais longe superando os nossos próprios limites, mantendo o prazer essencial
que é correr.
Logo
após a meta encontro o Pedro, a nossa estrela, a ser entrevistado pela SIC num
dos momentos de glória dos No Tomorrow. Após um abraço, percebi que tinha feito
um tempo canhão 1:24:56 que pulverizou o seu recorde pessoal.
Como
é habitual todos acabaram bem, o Luis Azevedo com 1:31 e o Ricardo Rocha com
1:44 na segunda meia maratona e um novo recorde pessoal.
Outro
ponto também muito positivo foi não termos de devolver os Adidas Boost ao
Presidente João Pinto que disse que só ficávamos com eles se fizéssemos menos
de hora e meia…
É
verdade, não falei mais do teste às Adidas Boost…
Foi
por um excelente motivo porque, após os primeiros minutos em que lhes prestei
alguma atenção em relação ao comportamento em corrida e amortecimento, não
pensei mais nas sapatilhas.
Parece-me
que é dos melhores elogios que um atleta de fundo pode fazer a esse acessório
essencial, correr como se eles não estivessem lá.
O
grau de amortecimento, apesar da reduzida dimensão e peso da sola, é bastante
bom como o prova a ausência de dores musculares ou articulares no dia seguinte
a uma corrida com umas sapatilhas que nunca tinha usado. Não aquecem demasiado
e, como referi acima, encaixam e adaptam-se perfeitamente no pé.
O
Boost não nos faz certamente saltar como cangurus, mas a verdade é que fizemos
ambos os nossos melhores tempos na distância, no meu caso sem sequer estar nas
melhores condições físicas.
Foram
as Boost ou não? eis a questão… nada como experimentar!
A
mim convenceram-me e serão as sapatilhas oficiais para a Maratona de Londres
que irei correr já em Abril. Ao Pedro
também e vão viajar até à Maratona de Madrid uma semana depois.
Porque
já sabem, para nós, com ou sem sapatilhas, o importante é correr como se não houvesse
amanhã!
Paulo S Gomes
No Tomorrow Running Team
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