sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Trail de Barcelos


No dia 25 de Novembro, dois dos nossos atletas tiveram a oportunidade de participar no Trail Amigos da Montanha em Barcelos, num percurso de 25Km.

A chuva e o frio não foram obstáculos para os valentes que num Domingo de manhã se levantaram cedo para participar nesta prova.

Apesar da habitual atribulação de um Trail, ambos conseguiram um excelente tempo, sem lesões!

No final da prova, tiveram a oportunidade de registar o momento com o grande atleta português Carlos Sá, que recentemente participou na Ultra Maratona de Mont-Blanc.

Carlos Sá é uma pessoa que inspira qualquer pessoa que goste de correr e estamos certos, que os nossos dois atletas ficaram com vontade de participar em mais Trails.

Mas agora, voltemos aos treinos!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

1ª Corrida Popular de Matosinhos


No passado dia 18 de Novembro tivemos o privilégio de participar naquela que foi a 1ª Corrida Popular de Matosinhos.

Uma prova sem atletas profissionais, mas que não deixou de ter um impacto fantástico nas ruas de Matosinhos, com cerca de 3000 atletas a percorrerem os 10Km da prova.

Como nós não perdemos uma oportunidade, marcamos presença nesta excelente prova, estando presentes cerca de 20 atletas, distribuídos pela prova principal e pela caminhada.

Mas alguém tinha que fazer a reportagem.... ok, ok. Eu sei que não podia correr! Mas a vontade era muita!

De qualquer forma, foi um prazer poder registar o esforço destes nossos atletas, que apesar do frio que se fazia sentir, não deixaram de demonstrar a todos os que assistiam, que os No Tomorrow são presença assídua nas provas do Norte do País!

Aproximam-se as provas de São Silvestre em vários pontos do país, bem como a mítica Volta a Paranhos, pelo que a Corrida Popular de Matosinhos permitiu aos menos "rotinados", ganhar força para enfrentarem as grandes provas de final de ano.

As provas no interior das cidades são óptimas para "ganhar" força e enfrentar qualquer subida com optimismo!

Agora, voltemos aos treinos!

Juntem-se a nós e sintam como é  óptimo pertencer a este fantástico grupo!

Keep it simple, just run!

domingo, 18 de novembro de 2012

Dedicatória de um Maratonista - Pedro Silva Pereira




Gostaria de começar esta minha breve partilha dizendo que não sou muito bom nas palavras, mas sim nos atos. O meu regresso à pratica desportiva deveu-se por questões de saúde. Como alguns sabem sou professor de educação física e estive ligado sempre ao desporto. Na minha infância fui praticante de atletismo, especialmente corrida de velocidade e barreiras, pertencendo a um clube que hoje já não existe. 

Mas voltando às questões de saúde, há 5 anos descobri que era hipertenso e aconselhado pelo médico voltei aos treinos. Como estou ligado no meu dia a dia ao desporto achei que estava na altura de fazer algo por mim e não só pelos outros. Com um incentivo de um amigo começamos a treinar duas vezes por semana. Depois com o passar do tempo fomos participando nas corridas de S. Silvestre, dia do pai, lunaruns corrida de S. Pedro… Com o passar do tempo sentimos necessidade de aumentar o ritmo e a intensidade dos treinos, passando para meias- maratonas.

Mais ao menos em maio pensei que estaria na altura de fazer uma maratona. Como bem sei, é necessário um bom plano de treino  e muito rigor na sua execução. Pensei em fazer o plano da runporto, mas achei-o demasiado pesado. Fiz uma pesquisa na internet e fui vendo outros planos que achei interessantes. Mas nenhum estava bem direcionado para a minha disponibilidade. Foi daí que fiz uma tabela com os dias da semana, o nº de treinos e a distância que tinha de correr. Pelo meio fui fazendo as provas que surgiam e em agosto foi o mês em que eu treinei menos. Após as férias voltei logo à intensidade dos treinos pois já não faltava muito tempo para a Maratona. Em termos de treinos longos, apenas fiz um de 30 kms de resto tinha sempre um de 20 kms aos fins-de-semana.

O meu objetivo inicial era acabar a maratona, mas com o passar do tempo tinha na minha cabeça que tinha de acabar entre as 3.30h e as 3.45h. Porque na verdade, andava com um bom ritmo e tempo nas meias-maratonas, logo já fazia contas…

Na semana da maratona todos os dias à noite pensava no que me tinha metido e sentia um friozinho, como se fosse fazer um exame.

No dia da maratona, acordei cedo e rapidamente me equipei, tomando de seguida um bom pequeno almoço. Passados uns minutos já tinha chegado a minha boleia para o parque da cidade onde apanhamos o autocarro que nos levou até à partida. Logo avistei o Paulo, a Rute e a Érica meus companheiros da maratona. Estava com muito frio, pois fazia vento e só consegui tirar o casaco minutos antes da partida. De seguida posicionámo-nos e de repente ouvi o tiro de partida. Já nada havia a fazer senão começar a correr e acabar a prova.

Foi uma prova dura no que se refere ao vento, principalmente desde Matosinhos até Gaia. Começamos ,eu e o Paulo Gomes, com um ritmo bastante elevado, como se estivéssemos a fazer os 15 kms da family race.

No castelo do queijo quando viramos à direita é que pensei para mim mesmo, começou a nossa prova. Tive sempre a companhia e apoio do Paulo Gomes, que desde já agradeço, até cerca dos 35 kms. A partir daí sabia que ia no meu ritmo e não o conseguia acompanhar. O resto da prova fui fazendo sozinho, com o pensamento nos meus amigos e na minha família que estariam a pensar em mim naquela altura. Quando dei por ela, estava no Castelo do Queijo, com um grupo de amigos dos No Tomorrow que puxavam por mim. Tive o acompanhamento ao meu lado na última reta do Milo e do Ricardo que me apoiaram quase até ao fim.

Quando dei por mim já estava quase na linha da meta e ouvia o meu colega Nuno Gramaxo com o micro “ e lá vem o grande professor da Zarco Pedro Silva Pereira” com o tempo de 3h29m! Enfim, tinha concretizado o meu sonho…

Depois foi desfrutar com todos os meus amigos dos No Tomorrow, beber uma cerveja com o Paulo e, claro, procurar a assistência da Powerade para me fazer a massagem às pernas!

Quero agradecer a minha mulher, Otília e à minha filha, Margarida e a todo o grupo dos “No Tomorrow”pelo apoio e amizade.

Dedico esta conquista ao meu pai.

"Completei uma maratona! Sou maratonista!" by Érica Reis



Completei uma maratona! Sou maratonista! Eis duas frases que nunca pensei dizer… Se à pouco mais de dois anos alguém me pedisse para fazer o aquecimento de um qualquer exercício na passadeira, a minha resposta era quase sempre um revirar de olhos e o queixume habitual ‘CORRER NÃO, TUDO MENOS CORRER!!!’ . Então como cheguei aqui?? Vamos por partes….

No início de 2009 decidi que tinha de voltar ao ginásio: já não fazia desporto regularmente à dois anos, a balança rondava os 80 e muitos quilogramas, a auto-estima estava em baixo, o corpo começava a queixar-se de coisas que um corpo de 25 anos não se devia queixar. Nessa altura ir ao ginásio era quase uma obrigação: os últimos anos tinham sido de muito trabalho e estudo, e sabia tão bem poder ir para casa, vestir o pijama e relaxar…. Mas, dia após dia, a obrigação tornou-se prazer, e desde então sou completamente viciada em actividade física: dá-me bem estar, dá-me um corpo cada vez mais funcional, dá-me uma paz de espírito que não consigo encontrar em mais lado nenhum! Mas nada de correr, isso não é para mim… ‘Dá-me dor de burro! Dói-me o tornozelo! NÃO CONSIGO!’… Assim foi até ao final de 2010, ano em que tomei uma das poucas resoluções de ano novo que realmente cumpri:

Em 2011 vou correr!!

Estava a precisar de um novo desafio: o que fazia no ginásio já era um dado adquirido, e estava a sentir-me presa. Então, no dia 1 de Janeiro de 2011 – sem GPS, sem corta-vento, sem as sapatilha XPTO – atirei-me à estrada.

Fiquei agarrada!

Nesse ano comecei a fazer algumas das corridas de estrada organizadas pela RunPorto: Corrida do Dia do Pai, Corrida da São João, e foi no final desta corrida que pensei: ‘Se consegui fazer 15 km também devo conseguir fazer 21 km’. No dia seguinte começou o treino para a primeira meia-maratona, que aconteceu no dia 18 de Setembro de 2011. Quando me lembro desta corrida lembro-me da Rute (companheira de corrida), lembro-me da ansiedade que antecedeu a partida, lembro-me de chegar à meta e de pensar ‘Óóóó, já acabou…’.

E assim ficou semeada a ideia da maratona!

O ano de 2012 foi um ano em cheio: 5 meias-maratonas em estrada, uma em trail, várias corridas mais curtas, muitas corridas entre amigos e, no topo de tudo isto, a preparação para a maratona do Porto!
Pode-se dizer que a preparação começou em Maio, mês em que fizemos a primeira meia-maratona da temporada. Após esta fase procurei o plano que mais se adequava para mim: sabia que não podia correr todos os dias (dores de joelhos e canelas não deixam), sabia que tinha de poder incluir outras actividades (por muito que goste de correr não passo sem outros tipos exercício); quando o plano ficou escolhido foi uma questão de começar!

Este treino nem sempre foi fácil: surgiu uma altura em que correr era uma obrigação, assim como tudo o que tinha de fazer para poder correr: o que comer, o que beber, o que podia treinar no dia anterior, quando podia sair… Umas semanas depois, e tão rápido quanto surgiu a falta de vontade de treinar, voltei a ter prazer em me atirar à estrada!

E finalmente chegou a semana anterior à corrida! Nessa semana os quilómetros são reduzidos, as horas normalmente passadas no ginásio também diminuem, e finalmente dei ao corpo algum descanso para também conseguir recuperar do cansaço acumulado ao longo dos últimos meses de treino. Sexta-feira pela manhã fui levantar o dorsal e a t-shirt e mais uma vez instalou-se a dúvida: será que sou capaz disto? Ao ver todos os corpos extremamente em forma de atletas mais experientes não sou capaz de suster as dúvidas em mim própria… Mas a adrenalina nestes dias já era tão grande que este sentimento depressa deu lugar à sensação de que nunca mais chegava domingo!

Domingo de manhã fiz o habitual ritual de dias de corrida: acordar cedo, tomar uma caneca de café, estar um pouco entregue a mim mesma e depois vestir, pegar em tudo o que tinha de levar e tomar o pequeno-almoço antes de sair pela porta. Fomos buscar a Rute, dirigimo-nos ao parque da cidade onde demos de caras com o frio e com o vento. Mesmo com toda a adrenalina o frio fazia-se sentir e muito. Entramos no primeiro autocarro da fila e em poucos minutos estávamos a chegar ao Palácio de Cristal – e é neste momento que a realidade começa a instalar-se: centenas de corredores e corredoras, a zona de partida, o ar concentrados de quem faz disto a sua vida, os olhares ansiosos de quem, como eu, ia correr pela primeira vez os 42,195 km desta prova. Quando a hora H se começa a aproximar começamos a dirigir-nos para a partida, começa a conversa de circunstância com pessoas desconhecidas, vêem-se caras conhecidas, liga-se o mp3, liga-se o relógio e aguardam-se os minutos que antecedem a partida e que sabem a horas.
PUM! Tiro de partida! ‘É agora!!’. Admito que tive de conter as lágrimas… Todas as horas, todos os quilómetros de treino, todas as dores sentidas foram esquecidas neste momento. Entrou-se em modo ‘correr’ e foi isso que se fez: ‘pé direito, pé esquerdo, respirar’!

O início foi fantástico! Centenas de corredores, boa disposição, adrenalina e amigos à nossa volta! Os primeiros 6-7 km foram corridos com a Rute em conversa constante, não estava a custar nada; no entanto, sempre que olhava para o relógio via que devia estar a ir mais devagar, mas a coisa estava a correr tão bem… A seguir ao edifício transparente demos de caras com duas personagens de Lisboa que nos alertaram para o ritmo: ‘vão muito depressa, cuidado, mais à frente vão ter dificuldades!!’. Para mim não podiam estar mais corretos, pelo que abrandei o passo; a Rute avançou – e muito bem – e entramos num ritmo confortável para cada uma de nós.

Ao longo do percurso ouvi o meu nome centenas de vezes (abençoada t-shirt! Sabe bem ver que temos apoio, mesmo de quem não conhecemos!), vi amigos que perderam a manhã de domingo para nos apoiar, dancei ao ritmo das bandas que tínhamos em alguns pontos – quando ainda o conseguia fazer! Quando chegamos à Ponte D. Luís entrei na parte que sabia que para mim ía ser mais desafiante: a porção de Gaia. Nesta zona existe pouco apoio popular e parece-me sempre a zona mais longa de qualquer corrida. No entanto também foi nesta zona que vi o Pedro e o Paulo, que iam num ritmo que para mim é alucinante e completamente dentro das suas melhores expectativas, e animei um pouco!

Antes da marca dos 27 km vi a Rute que me disse que o Paulo estava mais à frente à minha espera, e mais animada fiquei: sabia que ia ter companhia e força até ao final! Quando viramos novamente no sentido do Porto os novos amigos lisboetas deixaram-me para trás, vendo que já tinha companhia, e segui caminho com o Paulo.

Aqui começou a parte pior. Se realmente o famoso ‘muro’ existe, o meu começou a aparecer perto dos 30 km. A vontade de parar começou a surgir, o cansaço e a sensação de ‘não consigo correr mais’. A partir deste ponto caminhei por todos os pontos de abastecimento. Quando saímos para a pequena parte do percurso no sentido do Freixo o meu fantástico relógio avariou, e deixei de poder ver a cadência da minha corrida. Sei que neste ponto já não fazia grande diferença, mas foi mais uma coisa ‘contra’ mim e mais uma vez senti a motivação a baixar; mas nesta altura já faltavam menos de 10 km para acabar, por isso a única coisa a fazer era continuar!

Logo após a segunda passagem pela Ponte da Arrábida estava o Carlos novamente e mais uma vez senti a fantástica rede de apoio que todos nós, que fizemos a maratona, tínhamos dos nossos companheiros de corrida: as palavras de encorajamento deram mais um pouco de vida às pernas – já extremamente cansadas. No percurso que separa o Fluvial da Foz comecei a sentir dores mais pequenas: a base dos pés, uma bolha num dos dedos… Nesta altura a meta parecia estar noutra galáxia – admito, é algo que me aflige em todas as corridas, maiores ou mais pequenas: quanto mais próxima sei estar a meta mais começa a custar manter o ritmo e correr até à chegada.

A reta que separa a Pizza Hutt do Castelo do Queijo durou uma eternidade. Um pouco antes da rotunda surge a Paula que transmitiu uma boa parte da sua energia e ajudou a esquecer mais um pouco o cansaço, e a sensação do ‘ARE WE THERE YET??’. Mais à frente surgem o Ricardo e o Milo (que já tinham feito umas 3 maratonas só a acompanhar pessoas à meta). E foi nesta altura que comecei a ver os insufláveis! Tive uma vontade louca de parar, mas não pude, já que o Milo me obrigou a correr (‘O quê?? Parar?? Já estás a chegar, agora só paras no fim!!’ ). Aqui começaram a surgir cada vez mais caras conhecidas: os meus pais, a Ana e o Tiago, a Alberta, Susana, Catarina, a Otília!! E depois surgem dois dos outros maratonistas, o Paulo e o Pedro, que me levaram quase à meta.

Chegou o momento: A META!! Admito que naquele momento a ideia de poder parar de correr era o que me fazia continuar a correr… Ao chegar encontrei a Rute à minha espera, que me recebeu com um abraço num momento que foi fantástico!

‘CHEGUEI!! Sou maratonista!! Posso descansar!! Água, preciso de água!!’ Foram os primeiros pensamentos após cortar a meta! E depois começou a festa: o fantástico grupo a quem dão o nome de No Tomorow-Running Team conseguiu tornar um dia que já era bom num dia extremamente especial; foram incansáveis no apoio, na amizade, na simpatia, na paciência! Foi um dia especial! E mal posso esperar que chegue o próximo ano, para sermos ainda mais a cortar a meta e para eu poder retribuir parte do apoio que me foi dado!

Umas palavras para todos os que pretendem atirar-se a estas andanças, quer seja numa corrida de 5 km ou numa ultra: tudo se faz com determinação e com vontade! Há dias dificeis: o corpo queixa-se da sobrecarga, falta-nos tempo para sair com amigos, temos de deixar algumas das actividades que até gostamos de fazer por medo de não podermos correr no dia seguinte. Mas se a vontade está lá somos capazes de coisas incriveis e que, pelo menos no meu caso, nunca pensamos fazer. Por isso tentem sempre mais – com muito juizo – mas tentem! A sensação de conquista é fantástica! E acreditem, se uma pessoa que ainda há dois anos não corria 1 km sem ‘dor de burro’ conseguiu fazer uma maratona, qualquer um consegue!

Continuemos a sonhar! (Obrigada por lerem J )

Érica, a maratonista J

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Correr o Mundo - nova parceria


Caros amigos, partilhamos convosco o nosso mais recente parceiro, que nos ajudará a divulgar cada vez mais o nosso grupo e fazer com que mais pessoas se juntem a nós.

Visitem o site acompanhem este projecto através do Facebook, que temos a certeza que não se vão arrepender.

Lembrem-se sempre que a corrida é aquilo que nos une, pelo que temos que a partilhar com outros, para que esses possam também se sentir apoiados.

Fica aqui a apresentação - Correr o Mundo


PORTAL CORRER O MUNDO

Comunica com outros corredores, desafia amigos e partilha experiências, dicas e sugestões!

Visite o novo portal de conteúdos sobre corridas e caminhadas - www.correromundo.com - que lhe dá a oportunidade de conhecer as corridas e rotas de caminhada do mundo inteiro, partilhar experiências únicas, aceder a conteúdos exclusivos e, ainda, partilhar experiências com outros corredores. 

A pensar nos amantes das corridas, este projeto disponibiliza uma série de conteúdos, sugestões, dicas e conselhos para quem gosta de correr, abrangendo ainda outras áreas como saúde e bem-estar, locais e viagens, notícias que marcam a atualidade e entrevistas exclusivas com personalidades ligadas ao mundo do deporto, artes e espetáculo, política e literatura. 

Após o registo no portal, há também a possibilidade de planear e apontar todas as suas corridas e treinos, definir objetivos, inserir resultados, analisar o seu desempenho, entre outras funcionalidades.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Experiência de uma Maratonista - Rute Pinto



Breve Partilha de uma recém-maratonista, que não é mais do que uma rapariga comum que GOSTA DE CORRER!!
Ora, vou começar da mesma forma que começam as histórias:

”Era uma vez uma rapariga chamada Rute, uma rapariga comum, igual a tantas outras, que tinha descoberto após longos anos de sedentarismo e alguns quilinhos a mais, um gosto pela prática de desporto, e particularmente pela corrida. Tudo na corrida lhe fazia sentido, era como se tivesse uma aptidão natural: a questão rítmica, a sensação de movimento, o colocar de um pé após o outro, a postura, a boa resistência cardíaca, a sensação de bem estar e sobretudo a sensação de liberdade que lhe proporcionava.

Essa rapariga sou eu, e a corrida, como eu a entendo, não tem um guião ou manual a seguir, cada um vai construído o seu estilo próprio. É o fantástico da corrida, praticamente está acessível a toda a gente, que tenha um bom par de sapatilhas e goste de estar em movimento.

Longe destas lides, e de me imaginar um dia a correr uma Maratona comecei a correr no tapete do ginásio com alguma frequência. Primeiro, corria sempre meia hora, até que um dia, sem mais nem menos, decidi vou correr 1 hora, não 40 ou 45 minutos, 1 hora. E corri. Cheguei ao fim, e lembro-me de ter pensado: “andei aqui tanto tempo a correr meia hora, dentro da minha zona de conforto e conseguia fazer muito mais.”E foi esta linha de pensamento que me transportou até á Maratona".

 Gradualmente, fui desenvolvendo capacidades, intensificando os treinos em termos de rotatividade semanal e em número de kms, aperfeiçoando posturas, mas sempre de forma natural. Todos os avanços que fazia eram sobretudo resultado dessa minha capacidade de me aventurar por territórios desconhecidos e sem nenhuma certeza de o conseguir, exceto a confiança que a minha força de vontade e teimosia nunca me iriam deixar ficar mal. Foi assim com a passagem da meia hora para uma hora no tapete e foi assim com a Maratona. Parece loucura não é? Mas antes de fazer a Meia Maratona do Porto já tinha pensado em fazer a Maratona, a primeira serviu apenas como um ensaio para a peça principal.
Assim fiz, e nunca mais essa ideia me saiu da cabeça.

Agora a Maratona propriamente dita…

Aliás, a Preparação para a Maratona (isto vai ser demorado).

A verdadeira Maratona e o desafio para mim foi o de cumprir um plano de treino. Avessa como sempre fui a rotinas e planos pré-determinados esta foi a minha verdadeira prova de fogo. Optei por seguir o Plano de Treino disponibilizado pelo site da RunPorto, e por realizar o treino para atletas que queriam terminar entre as 3h30m e as 4 horas. Longe de fazer disso um objetivo, pensei exatamente como pensava nos tempos de estudante: “se quero tirar um 15, tenho de estudar para um 17”.

Assim, fiz por cumprir quase a totalidade do Plano, o que não se revelou fácil principalmente por não ter muito tempo disponível. Conseguia ir treinar sempre ao fim do dia, depois de dias intensos de trabalho e onde a rotina diária era chegar a casa calçar umas sapatilhas e ir correr. Ás vezes, faltavam-me as forças físicas, mas eram sobretudo o cansaço psicológico e a saturação da rotina que se apresentavam como maiores obstáculos. Tinha dias que contava com a Audrey Pais (minha grande amiga e membro dos No Tomorrow) para “dar cabo de mim”, fresquinha puxava por mim e fazia com que fosse mais longe em termos de esforço, e no final agradecia-lhe sempre. Mas eu própria puxava por mim. Incluía o máximo de subidas no percurso diário, a subida da Santa Rita (para quem conhece Ermesinde) era passagem quase obrigatória, ás vezes até duas vezes no mesmo dia. Forcei-me também a realizar o treino de séries, custosas, sobretudo quando fiquei também órfã de ginásio, e tinha de as realizar no exterior a fazer acelerações sucessivas e a despertar os olhares dos que passavam.

Já os fins-de-semana, e sobretudo os Domingos de manhã eram os treinos favoritos, treinos longos, sempre diferentes e sempre a bater records e ultrapassar barreiras. Aí tinha a companhia da minha amiga Sílvia, com quem fiz a maluqueira de correr 30Kms no tapete, por exemplo. Depois de cada Domingo sentia-me sempre mais forte para aguentar a semana seguinte, embora teoricamente o desgaste fosse maior.

E assim prossegui, ciente de que o ditado “O que não nos mata torna-nos mais fortes” nunca fez tanto sentido antes. Ia concluir a Maratona do Porto no dia 28 de Outubro de 2012 porque era capaz disso!! E porque sou teimosa!! J

O DIA!!!!!!!

ACORDEI!! ……“O relógio não despertou, são 6h45.. A Érica Reis e o Paulo Graça estão aí ás 7h10, esquece o pequeno-almoço demorado e tranquilo, não há muito que pensar.. E o frio?!! Esquece veste os calções, não há tempo para hesitações.”
8h00: E estamos a entrar no autocarro que nos vai transportar do Parque da Cidade até ao Palácio de Cristal - Tá um frio que não se pode, eu de calções curtinhos e até que nem estou assim tão gelada, que estranho!!”
8h15: Avistamos o Pedro e o Paulo, “as lebres” do nosso grupo e corredores mais experientes. O Paulo Gomes apresenta-se aparentemente calmo, mas o Pedro revela aquela excitação e ansiedade que eu estava a sentir.
8h55: Estamos os 4, eu, a Érica, o Pedro e o Paulo Gomes, junto á linha de partida no meio dos outros maratonistas. Já não se sentia frio, o senhor do micro informava que brevemente ia ser dado o tiro de partida. Ouvia-se uma música, olhei para eles os três e os olhos humedeceram-se.. De repente, ouviu-se PUMMM!!

Tinha começado!...

Era este o momento para o qual me tinha preparado, mas ia fazer o máximo por distrair a mente, ia simplesmente correr sem pensar em kms e tempos. Ia lado a lado com a Érica Reis, minha amiga e “caloira” como eu. Lembro-me de ir a tagarelar constantemente, fiquei sem música assim que tentei ligar o mp3, e na falta de melhor tagarelava para me manter a mim e a ela distraídas. Quando dei por mim, já tínhamos passado o Parque da Cidade em direção a Matosinhos e foi aí, que surgiram dois senhores, que após repararem que era a nossa 1ª Maratona (graças á tshirt da Érica) afirmaram que íamos a um ritmo muito rápido e assim não iriamos chegar ao fim.  Instintivamente senti que aqueles dois se estavam a intrometer demasiado e não me iria divertir a correr lado-a-lado com eles. Provavelmente não o disseram por mal, mas o fato de quererem controlar o meu ritmo de corrida, iria a longo prazo fazer com que caísse num entorpecimento e precisava de pica e adrenalina. Olhei para a Érica, que  me disse que fosse indo.

Segui e devo ter dado corda nas sapatilhas, porque dali a pouco já estava próxima da Rotunda do Parque da Cidade e a ouvir o senhor do microfone a dizer:” os corredores da Maratona  seguem á direita, os da Family Race á esquerda. Senti um arrepio, tinha vivido aquela situação o ano passado, mas desta vez ia virar á direita e prosseguir.

Abrandei e fiz o abastecimento de água logo ali no inicio da Avenida Brasil. Ainda era cedo para tomar o gel isotónico, não sentia necessidade, mas estipulei para mim mesma, que ao km 20 o iria fazer para não facilitar e entrar na exaustão. Tinha lido alguns artigos sobre alimentação e hidratação nos dias anteriores, e muitos atletas confessavam ir a um bom ritmo e a sentirem-se muito bem, e de repente quebravam sem razão aparente. Mas a razão existia, e era a falta de glicogénio nos músculos. Pensei: “Hoje não é dia para cometeres parvoíces dessas” e não as cometi.

            A partir daí, comecei a sentir a verdadeira Maratona. Os atletas da Family Race dissiparam-se e surgiu um enorme espaço á minha volta. Senti uma liberdade de movimentos e comecei a sentir toda e qualquer palavra de incentivo vinda das pessoas que assistiam, e as quais cumprimentava com um aceno e sonoro :”Obrigada”! Sentia toda aquela envolvência, sorria, sentia energia, vibrava com as pessoas a chamarem pelo meu nome. Pessoas que não me conheciam, de várias nacionalidades (muitos espanhóis e italianos) ali a gritar o meu nome. Não tinha música nos ouvidos e agradeço o momento em que o mp3 falhou, só assim eu pude viver todo aquele ambiente, e tirar o máximo da experiência. Não tenho como retribuir tudo que aquelas pessoas me deram naquele dia.

Quando dei por mim estava a passar a Ribeira e a Ponte D. Luís, onde estava uma claque muito organizada com balões e cartazes e também me acenaram com palavras de incentivo.

 Já na Afurada, e com cerca de  27 km nas pernas, levava comigo o gel numa mão, na outra a garrafa de água ciente que iriam ser eles os meus companheiros nos restantes kms. Aí vi o Paulo Graça á espera da Érica para a acompanhar nos kms restantes, e disse-lhe que a Érica devia estar a chegar com uns senhores. Mais á frente, voltei a ver a Érica e disse-lhe: O Paulo está a tua espera. Encontramo-nos na Meta. E prossegui bem mais sossegada.

 O vento fazia-se sentir e bastante no regresso da Afurada. Aí senti-me forçada a diminuir o ritmo, mas reparei que toda a gente evidenciava sinais de dificuldade e procurei focalizar-me em chegar ao Cais de Gaia, lá com certeza que o movimento de pessoas me iria ajudar a prosseguir. Mais á frente, já na Ponte D. Luís estava a mesma claque incansável, com um cartaz a dizer : ”Força!!”, acenei, sorri e lembro-me de pensar já estou do lado de cá do rio, já não falta muito. Não estava era a contar com um pequeno desvio no sentido do Freixo, mas mantive-me serena, não demoraria muito entrar no túnel da Ribeira e depois era sempre em direção ao Parque da Cidade.

A partir daí, e do km 33 era tudo desconhecido para mim. Não sabia como ia o meu corpo reagir e a minha única preocupação era manter a postura que me tinha levado até ali, segura que a mesma atitude me conduziria até a Meta. Fui definindo pequenos objetivos, e apanhando diversas “boleias”, com quem marcava passo e depois seguia. Senhores corredores, que me desculpem por os abandonar, mas todos nos apoiamos uns dos outros nestas alturas, e ninguém leva a mal. O objetivo seguinte era ultrapassar a Ponte da Arrábida e o temível muro dos 36 kms. Não o vi por ali, provavelmente alguém o mudou de lugar, J para o km 38, à chegada ao Passeio Alegre.

Aí senti e vi toda a gente a diminuir de ritmo, inclusive eu, que senti um súbito cansaço nas pernas. Alguns corredores paravam e caminhavam, mas as minhas pernas estavam com o piloto automático ligado e não iam parar exceto no Parque da Cidade. Na minha cabeça, a frase de Gandhi: “A força não provêm da capacidade física, mas de uma vontade indomável”!!

Neste estado de espírito estou a entrar na Avenida Brasil, lá ao fundo o Castelo do Queijo, e eis quando vejo surgir ao meu lado o Milo, a Paula e o Ricardo. Sinto uma imediata  vontade de chorar, eles tinham vindo para me acompanhar na reta final. Fui tanto tempo sozinha (ainda que não estivesse realmente só, tantas as pessoas que me acompanharam e incentivaram) mas ver as caras conhecidas dos meus amigos dos No Tomorrow  deu-me uma força incrível. O Milo, no seu jeito habitual : ”Miúda, vamos só manter esta passada, que estamos quase lá! E eu respondia: ”De repente ganhei asas nos pés”, sorria, acenava e respondia ás pessoas que me aplaudiam e incentivavam.

Em mim já não havia qualquer réstia de cansaço, ia em festa, a sorrir e a pensar, isto é tudo Incrível, não há palavras! O senhor do micro continuava na sua descrição personalizada do que estava a acontecer, estava a falar de mim, e eu estava mesmo a chegar. Olhei finalmente para a linha da Meta e para a indicação de tempo: 4h10 recebidos com surpresa, não fazia a mais pálida ideia do tempo que tinha passado desde o tiro de partida. O relógio tinha ficado estrategicamente em casa.

O cortar da Meta foi intenso, quis prolongar aquele momento o máximo de tempo possível. Dentro de mim, um turbilhão de emoções: estava eufórica, ainda incrédula que tinha sido tudo quase perfeito, não tinha dores, não estava cansada, não estava enjoada. As minhas pernas pareciam até resmungar por ter parado de correr, e inquieta andava de um lado para o outro, enquanto esperava pela chegada da Érica. Sem ela, a vitória não estaria completa. Eis que surge a Érica, também ela escoltada por esta fantástica equipa e foi a “cereja no cimo do bolo”. Abraçamo-nos, tínhamos conseguido alcançar o que tínhamos combinado 1 ano antes!

            O que se passou a seguir quando nos juntamos ao grupo pode-se resumir (e para não me alongar muito mais) em abraços sucessivos, risos, fotografias, flash interviews improvisadas, e um sem número de emoções impossíveis de descrever!

Andei nas nuvens o resto do dia, da semana e ainda hoje ao recordar me sinto assim a flutuar.

Posfácio:
Com tudo isto e com o minha partilha deste dia único e memorável, o que pretendo transmitir é que há momentos na vida que nos recompensam em dobro todo e qualquer esforço ou sacrifício a que nos tenhamos predisposto para o alcançar. Este foi um desses momentos. É incrível como podemos ser felizes a fazer aquilo que gostamos e chegar a alcançar aquilo que nunca imaginamos vir a conquistar na nossa vida.

Comecei por dizer que sou uma rapariga perfeitamente comum, e volto a referi-lo, porque acho que é importante transmitir que o que alcancei no dia 28 de Outubro de 2012 pode estar ao alcance de qualquer outra rapariga/rapaz, desde que partilhe o mesmo gosto pela corrida e não tenha receio de se aventurar por territórios desconhecidos. No limite, temos sempre duas opções: observar o obstáculo como acessível ou inacessível, eu escolhi olhá-lo como acessível e dei-me bem com a escolha.

Outra coisa muito positiva no meu percurso foi ter encontrado pessoas com quem partilhar estas pequenas grandes conquistas os “No Tomorrow - Running Team”. É o meu grupo de corrida, mas é constituído por verdadeiros amigos, daqueles que esperam pelos outros horas seguidas, que se alegram pelas suas vitórias, que respeitam o seu espaço e ritmo individuais, que não cobram ou exigem e sabem dar apoio quando é mais preciso. 

Fazem com que tudo seja mais fácil!

OBRIGADO POR ISSO!!

 Aos que me estejam a ouvir: Corram sempre com a cabeça, mas sobretudo com muito coração e deixem fluir naturalmente…. porque se arriscam a alcançar o impensável! J

Rute Pinto